sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril de 1974




"Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui."

Por Salgueiro Maia na madrugada de 25 de Abril de 1974 a vários soldados em Santarém

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Independentemente das falhas que a democracia portuguesa possa ter, este feriado devia ser uma das coisas que os portugueses deviam saber melhor, pois só passaram 35 anos de um golpe de estado organizado por capitães das forças armadas que conspiraram desde 1973...

Este golpe foi transformado em revolução porque o povo saiu à rua com alegria e esperança num futuro melhor, visto que o regime do Estado Novo, além de proibir as mais diversas liberdades básicas, como a liberdade de expressão, estava numa guerra colonial com os movimentos de independência da Guiné-Bissau, Angola e Moçambique desde 1961, e o povo quis aproveitar esta grande oportunidade.

Não vou dizer que tudo foi mau no Estado Novo, mas certas coisas nunca devem ser impostas a um povo, e uma delas é ter ordem e paz (que também é importante nos dias de hoje) à custa da perda da sua liberdade individual ou colectiva...

Podia-vos contar o que aconteceu antes do 25 de Abril, mas vou contar-vos só o essencial:

O Movimento das Forças Armadas, fartos de travarem uma guerra sem fim, decidiram derrubar o governo do Estado Novo comandado por Marcelo Caetano, visto que Salazar já tinha morrido. O organizador do MFA era o Major Otelo Saraiva de Carvalho que controlou as operações escondido no quartel da Pontinha em Lisboa. Mandou indicações por telefone para vários regimentos ocuparem os pontos estratégicos de Lisboa, e de vários sitios no país, como por exemplo o forte-prisão de Peniche, o aeroporto ou a RTP.

Às 22h55 foi lançada uma senha via rádio aos revoltosos em forma de canção: "Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho. Às 00h20, foi dada a senha definitiva também em forma de canção: "Grândola Vila Morena" de José Afonso(com muito significado, visto que esta era proibida pelo Estado Novo), para começar o golpe.

Durante a madrugada, as forças revoltosas foram movendo-se para os pontos estratégicos, o Estado Novo reagiu, mas tarde e com pouca resistência, o que deu uma vantagem ao MFA. A Escola Prática de Santarém, liderado pelo capitão Salgueiro Maia, teria um papel decisivo, pois iria mover-se até ao Terreiro do Paço, em Lisboa, que era o coração do poder.

Vários comunicados foram lançados via Rádio Clube Português, durante o resto da madrugada para que o povo se mantivesse em casa, e que forças militares opositoras seriam neutralizadas caso provocassem os revoltosos, mas o povo saiu à rua para aclamar os golpistas, e houve pouca gente das Forças Armadas que quissesse defender o Estado Novo...

Depois de ocupados os vários pontos estratégicos da revolução, as tropas de Salgueiro Maia dirigiram-se ao quartel do Carmo, sede da GNR em Lisboa, para daí cercar o quartel e receber a provável rendição de Marcelo Caetano, que só o fez, quando o General Spínola apareceu no quartel, porque não queria que o poder caísse na rua, embora isso tenha sido inútil, pois durante os 2 anos seguintes, o poder foi disputado por forças de esquerda e de direita. Às 19h30, o regime tinha caído.

O essencial estava alcançado, e mesmo que hoje haja gente que diga mal de muitas coisas deste país, não podem reclamar da falta de liberdade, pois se houvesse falta dela, os insultos seriam punidos de alguma forma pelo Estado Novo :)

Feliz Dia da Liberdade!

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